Os Motivos do Apóstolo Paulo em Contraste com os dos Judaizantes - Cap. 6:11-16

Nas observações finais de Paulo o vemos descobrindo seu coração diante dos gálatas, esperando que eles enxergassem que seus motivos eram puros. Ele não queria nada além daquilo que era para a glória de Deus e para bênção dos gálatas. Ao mesmo tempo, ele expôs os motivos encobertos dos judaizantes que desviaram os gálatas do caminho.
V. 11 – Paulo escreveu com suas próprias mãos apenas duas de suas epístolas inspiradas– Gálatas e Filemon (Gl 6:11; Fm 19). As outras foram ditadas para alguém que as escreveu, e então ele colocou suas saudações finais aos endereçados, de seu próprio punho, desta forma autenticando-as. (2 Ts 3:17).
Ele aponta para o fato de que ele havia escrito esta epístola com “grandes letras”. Isso até pode ter sido porque ele tinha uma visão deficiente e não podia enxergar bem (Gl 4:15), mas muito provavelmente ele tenha escrito assim para enfatizar a importância de sua mensagem. A gravidade do erro no qual os gálatas haviam caído requeria que ele pessoalmente escrevesse a eles, e isso com ênfase – portanto, o uso de grandes letras. Seu sério e sincero desejo para com os gálatas era de que eles fossem libertados dos ensinamentos dos mestres judaizantes. Ele não tinha nenhum motivo encoberto ao insistir com eles a respeito da liberdade Cristã. Isso deve ter mostrado a eles que ele não tinha nada além do bem deles diante de si; seus motivos eram puros.
Vs. 12-13 – Por outro lado os falsos motivos dos judaizantes eram totalmente egoístas e interesseiros. Paulo, portanto, passa a falar destes charlatões que haviam enganado os gálatas, dizendo: “Todos os que querem mostrar boa aparência na carne...” Isso é tudo que os esforços dos judaizantes buscavam – dar à carne algo em que se gloriar.
Paulo indica que havia talvez duas razões para as atividades judaístas deles. Em primeiro lugar, eles estavam procurando um caminho mais fácil do que aquele que é normal ao Cristianismo. Ao adotar a lei (isso é, sendo circuncidados), os judeus incrédulos seriam muito mais tolerantes à mensagem Cristã. Aqueles que acatavam o judaísmo queriam evitar sofrer “perseguição por causa da cruz de Cristo” (v. 12). Isso foi oferecido aos gálatas como sendo algo positivo. Já que nenhum Cristão deseja sofrer dessa forma, não foi difícil fazer os gálatas aceitarem o legalismo por essa razão.
Em segundo lugar, os judaizantes estavam buscando seguidores, e estavam usando a lei para conseguirem isso. Paulo diz: “Esses querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne”. Possuir seguidores ministrava ao orgulho religioso dos judaizantes, mas isso também era um meio de obter uma vida mais confortável (2 Co 2:17 – ARA – “mercadejando [negociando com – JND] a Palavra de Deus”). Este falso motivo está operando hoje. Aqueles que são governados pelo legalismo frequentemente são marcados por reunir seguidores após si. Pode não parecer ser assim, mas dado suficiente tempo, isso se tornará evidente. E eles irão invariavelmente fazer uso de princípios e práticas legalistas para trazerem as pessoas sob seu controle. Eles até podem crer que estão genuinamente ajudando as pessoas, mas na verdade trata-se da carne operando nas coisas de Deus. Esta não é a maneira de Deus de santidade e consagração.
V. 14 – Em contraste com as tentativas carnais dos judaizantes, Paulo diz: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”. Eles se gloriavam na carne; Paulo se gloriava na cruz que colocou um fim à carne. Ele não tinha desejo algum pelo favor do mundo que havia crucificado o Senhor Jesus. Novamente, isso mostra o caráter legítimo de Paulo.
V. 15 – Em contraste com as tratativas judaístas desses falsos obreiros, Paulo fala da verdadeira posição Cristã. Como um resultado da morte e ressurreição de Cristo e da descida do Espírito Santo, Cristãos estão agora numa nova posição diante de Deus “em Cristo Jesus”. Como parte da raça da “nova criação”, “nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão” (v. 15 – JND).
V. 16 – Paulo desejou que houvesse “paz” sobre todos Cristãos que andavam segundo a “regra” da nova criação. Essa nova regra é a lei de Cristo mencionada no versículo 2. Para aqueles que querem andar segundo regras e regulamentos, esta é a regra para eles; esta é a única regra que Cristãos devem seguir. Paulo fala de duas companhias de crentes:
  • “eles” – crentes de entre a incircuncisão (gentios) que estão agora na Igreja.
  • “o Israel de Deus” – crentes de entre a circuncisão (judeus) que estão agora na Igreja. Eles são um “resto [remanescente – ARA] de acordo com a eleição da graça” entre a nação de Israel que possui fé (Rm 11:5). 

Ele também desejou que misericórdia fosse mostrada ao “Israel de Deus”. O ímpeto de suas observações na epístola foi repreender Cristãos por tomarem para si a lei de Moisés, e ele sabia que seria especialmente difícil para aqueles que cresceram no judaísmo, abrir mão do velho sistema legal. Portanto, ele desejou que os santos nas assembleias da Galácia mostrassem a eles misericórdia e paciência nesta questão.