Nas observações finais de Paulo o vemos descobrindo seu coração diante
dos gálatas, esperando que eles enxergassem que seus motivos eram puros. Ele
não queria nada além daquilo que era para a glória de Deus e para bênção dos
gálatas. Ao mesmo tempo, ele expôs os motivos encobertos dos judaizantes que
desviaram os gálatas do caminho.
V. 11 – Paulo escreveu com
suas próprias mãos apenas duas de suas epístolas inspiradas– Gálatas e Filemon
(Gl 6:11; Fm 19). As outras foram ditadas para alguém que as escreveu, e então
ele colocou suas saudações finais aos endereçados, de seu próprio punho, desta
forma autenticando-as. (2 Ts 3:17).
Ele aponta para o fato de que ele havia escrito esta epístola com “grandes letras”. Isso até pode ter sido porque ele tinha uma visão deficiente e não
podia enxergar bem (Gl 4:15), mas muito provavelmente ele tenha escrito assim
para enfatizar a importância de sua mensagem. A gravidade do erro no qual os
gálatas haviam caído requeria que ele pessoalmente escrevesse a eles, e isso
com ênfase – portanto, o uso de grandes letras. Seu sério e sincero desejo para
com os gálatas era de que eles fossem libertados dos ensinamentos dos mestres
judaizantes. Ele não tinha nenhum motivo encoberto ao insistir com eles a
respeito da liberdade Cristã. Isso deve ter mostrado a eles que ele não tinha
nada além do bem deles diante de si; seus motivos eram puros.
Vs. 12-13 – Por outro lado os
falsos motivos dos judaizantes eram totalmente egoístas e interesseiros. Paulo,
portanto, passa a falar destes charlatões que haviam enganado os gálatas,
dizendo: “Todos os que querem mostrar
boa aparência na carne...” Isso é tudo que os esforços dos judaizantes
buscavam – dar à carne algo em que se gloriar.
Paulo indica que havia talvez duas
razões para as atividades judaístas deles. Em primeiro lugar, eles estavam
procurando um caminho mais fácil do que aquele que é normal ao Cristianismo. Ao
adotar a lei (isso é, sendo circuncidados), os judeus incrédulos seriam muito
mais tolerantes à mensagem Cristã. Aqueles que acatavam o judaísmo queriam
evitar sofrer “perseguição por causa da
cruz de Cristo” (v. 12). Isso foi oferecido aos gálatas como sendo algo
positivo. Já que nenhum Cristão deseja sofrer dessa forma, não foi difícil
fazer os gálatas aceitarem o legalismo por essa razão.
Em segundo lugar, os judaizantes estavam buscando seguidores, e estavam
usando a lei para conseguirem isso. Paulo diz: “Esses querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne”.
Possuir seguidores ministrava ao orgulho religioso dos judaizantes, mas isso
também era um meio de obter uma vida mais confortável (2 Co 2:17 – ARA – “mercadejando [negociando com – JND] a
Palavra de Deus”). Este falso motivo está operando hoje. Aqueles que são
governados pelo legalismo frequentemente são marcados por reunir seguidores
após si. Pode não parecer ser assim, mas dado suficiente tempo, isso se tornará
evidente. E eles irão invariavelmente fazer uso de princípios e práticas
legalistas para trazerem as pessoas sob seu controle. Eles até podem crer que
estão genuinamente ajudando as pessoas, mas na verdade trata-se da carne
operando nas coisas de Deus. Esta não é a maneira de Deus de santidade e
consagração.
V. 14 – Em contraste com as
tentativas carnais dos judaizantes, Paulo diz: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”.
Eles se gloriavam na carne; Paulo se gloriava na cruz que colocou um fim à
carne. Ele não tinha desejo algum pelo favor do mundo que havia crucificado o
Senhor Jesus. Novamente, isso mostra o caráter legítimo de Paulo.
V. 15 – Em contraste com
as tratativas judaístas desses falsos obreiros, Paulo fala da verdadeira
posição Cristã. Como um resultado da morte e ressurreição de Cristo e da
descida do Espírito Santo, Cristãos estão agora numa nova posição diante de
Deus “em Cristo Jesus”. Como parte
da raça da “nova criação”, “nem a circuncisão é coisa alguma, nem a
incircuncisão” (v. 15 – JND).
V. 16 – Paulo desejou que
houvesse “paz” sobre todos Cristãos
que andavam segundo a “regra” da
nova criação. Essa nova regra é a lei de Cristo mencionada no versículo 2. Para
aqueles que querem andar segundo regras e regulamentos, esta é a regra para
eles; esta é a única regra que Cristãos devem seguir. Paulo fala de duas
companhias de crentes:
- “eles” – crentes de entre a incircuncisão (gentios) que
estão agora na Igreja.
- “o Israel de Deus” – crentes de entre a circuncisão (judeus) que estão agora na Igreja. Eles são um “resto [remanescente – ARA] de acordo com a eleição da graça” entre a nação de Israel que possui fé (Rm 11:5).
Ele também desejou que misericórdia fosse mostrada ao “Israel de Deus”. O ímpeto de suas
observações na epístola foi repreender Cristãos por tomarem para si a lei de
Moisés, e ele sabia que seria especialmente difícil para aqueles que cresceram
no judaísmo, abrir mão do velho sistema legal. Portanto, ele desejou que os
santos nas assembleias da Galácia mostrassem a eles misericórdia e paciência
nesta questão.