d) Adotar a Lei Traz o Juízo Governamental de Deus

Vs. 7-10 – Paulo continua apresentando outra razão pela qual os gálatas deveriam “permanecer firme” naquilo que a graça realizou e não adotar o sistema legal. Aqueles que promovem tal erro entre os santos trazem sobre si o juízo governamental de Deus. Paulo diz: “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?” Eles tinham tido um bom começo em sua vida Cristã, mas alguém impediu seu progresso. Ao perguntar aos gálatas “quem” era que os tinha desviado, Paulo indicava que havia um certo líder do elemento judaizante que era particularmente responsável pelo abandono da verdade pelos gálatas. Ao fazer isso, Paulo estava rastreando o problema até a sua origem. Eles tinham absorvido má doutrina desse mestre.
Paulo diz: “Esta persuasão não vem daqu’Ele que vos chamou”. Isso mostra que esse movimento em direção ao sistema legal não era um movimento divino. O Senhor certamente não os havia persuadido a se voltarem para a lei.
Paulo queria que eles entendessem como isso começou. Alguns entre eles absorveram “um pouco de fermento” (uma figura do mal na Escritura) de uma fonte errada acatando a mistura de lei e graça; e assim, como o fermento se espalha pela massa, também a má doutrina havia se espalhado a outros, até que muitas assembleias naquela região da Galácia fossem levedadas por ela. Desta forma, Paulo ilustra como o fermento funciona. No versículo 10 ele diz: aquele que vos inquieta”; e então no versículo 12 ele diz: aqueles que vos andam inquietando”. Aparentemente o problema começou com uma pessoa que ensinava má doutrina, porém ela se espalhou rapidamente a outros que passaram a promovê-la. O ensinamento pervertido dos judaizantes havia afetado gravemente os gálatas; isso nos mostra o quão cuidadosos precisamos ser quanto àquilo que ouvimos (1 Ts 5:21). Paulo usa essa mesma figura do fermento no que se refere ao mal moral (1 Co 5:6-8); aqui em Gálatas o fermento é usado em conexão com o mal doutrinal. Ambos os males, moral e doutrinal, possuem um efeito corruptivo nos santos de Deus. Assim como o fermento, o mal nunca é estático; ele irá ganhar terreno entre os santos até que seja julgado.
Embora isso fosse verdade com relação àqueles que eram promotores do mal, Paulo não desejava implicar que todos os gálatas eram responsáveis no mesmo grau daqueles que ensinavam o erro. Ele disse: “Confio de vós, no Senhor, que nenhuma outra coisa sentireis [não tereis outro modo de pensar – TB]” (v. 10). Ele cria que o Senhor não iria permitir que a maioria dos gálatas fosse tão profundamente afetada por esse mal de maneira que não pudessem ser recuperados. Ele cria que eles poderiam ser libertados do lamaçal em que estavam presos. Isso mostra a atitude adequada de um que ministra a Palavra de Deus; ele deve proclamar a verdade em fé confiando que Deus irá fazer a verdade benéfica às almas e produzir resultados positivos.
Paulo, todavia, acrescenta: “mas aquele que vos inquieta, seja ele quem for, sofrerá a condenação [levará a culpa disso – JND]. Ele sabia que Deus certamente iria executar juízo governamental sobre aqueles que eram responsáveis – especialmente o líder do movimento. Este princípio permanece assegurado: aquele que “corrompe” a casa de Deus, Deus julga (1 Co 3:17 – JND). Existem muitos que estão perturbando o povo do Senhor hoje com doutrinas e práticas errôneas, e eles vão levar seu juízo.
Podemos imaginar porque Paulo não exortou os gálatas a colocarem fora de comunhão os judaizantes e assim por um fim àquele elemento que estava operando em seu meio. Entretanto, no estado deles, isso teria sido impossível. Os judaizantes tinham uma base tão forte nas assembleias da Galácia que não havia poder naquelas assembleias para lidarem com eles – a maioria, senão todos, tinham sido enganados por estes falsos mestres e estavam apoiando o programa deles.
Quando este é o caso em uma assembleia, devemos, assim como Paulo fez, nos apoiar na soberania de Deus, e descansar no fato de que Deus irá lidar com aqueles que fazem o mal em Sua casa. Enquanto isso, eles podiam apelar ao Senhor acerca da questão. Paulo falou sobre isso aos coríntios. Ele disse que se eles não soubessem o que fazer com aquele que praticava o mal em seu meio, ou não tivessem poder na assembleia para exercer o julgamento necessário sobre tal pessoa, eles poderiam então ter encomendado a questão ao Senhor e “lamentado”. Deus poderia responder a súplica deles e fazer com que a pessoa “fosse tirada” pela morte (1 Co 5:2 – ARA; 1 Jo 5:16; 1 Pe 4:17). A resposta para tamanha fraqueza não é abandonar a assembleia, mas esperar por Deus na questão.