f) Adotar a Lei Abre a Porta para a Manifestação da Carne na Vida do Crente

V. 13 – Outra razão para “permanecer firme” no que a graça realizou e não se voltar para os princípios legais da lei é que o legalismo abre a porta para a carne operar na vida do Cristão – exatamente aquilo que o legalista está tentando restringir. Guardar a lei não produz santidade, como os judaizantes supunham, mas, pelo contrário, excita a carne.
Ao confiar no Senhor para livrar os gálatas da lei (v. 10), Paulo sabia que haveria outro perigo muito real à espreita – o de cair na licenciosidade. Este era o ditado: “a vala no outro lado da estrada”. Alguns, que foram libertos de princípios legais, não foram cuidadosos quanto a isso e permitiram que o “pendulo” oscilasse longe demais, para o outro lado e deram liberdade para a carne agir em sua vida. Isso não é Cristianismo mais do que a guarda da lei. Paulo, portanto, achou necessário advertir os gálatas, afirmando: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne”. Isso mostra que é possível abusar da liberdade que a graça nos trouxe (Jd 4). Lembremo-nos de que a liberdade ensinada pela Escritura é libertação do pecado e não liberdade para pecar! Liberdade Cristã não é licença para a carne agir, mas liberdade para o Espírito operar na vida do crente. É liberdade para a nova vida se expressar, e não liberdade para a expressão da velha natureza. Portanto, Paulo acrescenta: “servi-vos uns aos outros pelo amor”. Amor é uma característica própria da nova vida. Se o Espírito de Deus tem liberdade na vida do Cristão, ela será manifestada em expressões práticas de amor entre os santos. A verdadeira liberdade Cristã resulta nessa feliz atividade.
Vs. 14-15 – Paulo então diz: “Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros”. Isto pode parecer contraditório com o que ele vem ensinando na epístola. Ele tem insistido que a lei não tem aplicação ao Cristão; mas agora ele vem e cita a lei e fala dela, aparentemente como sendo algo para o Cristão seguir! No entanto, os versículos 14 e 15 devem ser lidos juntamente. Paulo não está se contradizendo; ele está mostrando aos gálatas que eles estavam apenas enganando a si mesmos ao pensar que estavam guardando a lei. A lei demanda que a pessoa que está sob ela ame o seu próximo. Se os gálatas estivessem verdadeiramente guardando a lei, eles estariam fazendo isso. Mas eles estavam mordendo e devorando uns aos outros! Esta era a prova definitiva de que eles não estavam guardando a lei. Apenas ressalta seu argumento no capítulo 4 de que misturar lei e graça causa séria perda de discernimento a alguém. E se de fato estavam guardando a lei, pessoalmente provava que a lei não pode produzir santidade e amor na vida de uma pessoa! A lei demanda amor, mas não dá a capacidade de atender às suas demandas.
Tentar guardar a lei na verdade abre a porta para a carne na vida do Cristão; tal tentativa resultará em todos os tipos de manifestações carnais. Isso acontece porque o legalismo promove a justiça própria. Ficamos orgulhosos de que estamos guardando certas regras e regulamentos que estabelecemos para nós mesmos. Isso levará a acharmos falhas nos outros e a calúnias – particularmente contra aqueles que não consentem com as nossas ideias legalistas. Isso apenas produz contenda entre irmãos. Os gálatas eram um vivo exemplo disso. Eles haviam adotado a lei como uma regra de vida, pensando que isso aperfeiçoaria a santidade em sua vida, mas tudo o que ela fez foi excitar a carne. Paulo os alerta dizendo que era melhor que eles “tomassem cuidado (vede)” porque se aquele espírito prosseguisse sem ser julgado por algum período de tempo, os santos seriam “consumidos” uns pelos outros.
É um fato que o legalismo numa assembleia é destrutivo. Assembleias que possuem legalismo em seu meio são normalmente assembleias marcadas por contenda. Legalismo não produz feliz unidade e legítimo amor de um para com o outro, antes produz discussões, criticismo, brigas internas, etc. Hamilton Smith disse que ele tinha visto muitas assembleias que foram separadas e espalhadas por conta do legalismo.