3) Restaurar os que São Surpreendidos em Alguma Falta - Cap. 6:1

A primeira exortação de Paulo aos gálatas no capítulo 5:1-15 foi baseada no fato de que a posição Cristã e aceitação diante de Deus não são por guardar a lei. Sua segunda exortação no capítulo 5:16-26 mostra que a conduta Cristã também não é sustentada pela guarda da lei. Agora no capítulo 6, ele mostra que tampouco o serviço Cristão é realizado por meios legalistas. As exortações restantes neste capítulo têm a ver com o crente guiado pelo Espírito, manifestando amor e cuidado por outros em verdadeiro serviço Cristão. Legalismo tende a aprisionar as afeições de uma pessoa e fazer com que ela não pense nos outros, porém a graça, operando no crente que anda no Espírito, o levará a se sacrificar pelo bem dos outros. O que se segue neste capítulo são coisas que somente a graça levaria uma pessoa a fazer.
V. 1 – O resultado inevitável de uma pessoa andar em princípios legais é a falha. Paulo mostrou que a lei não irá restringir a carne na vida do crente, mas somente irá excitá-la, e assim, fazer com que ele falhe. Ele irá cair em qualquer uma das coisas mencionadas no capítulo 5:19-21, e necessitará de restauração. É adequado, portanto, que a próxima exortação de Paulo seja: “Irmãos, se algum homem for tomado em alguma falta, vós, que sois espirituais, restaurai o tal num espírito de mansidão, considerando a ti mesmo, para que não sejas também tentado” (v. 1 – JND)
Observe que ao crente “tomado em alguma falta” não é dito para que se restaure a si mesmo; o ônus e responsabilidade de recuperá-lo estão sobre seus irmãos. Mas quem entre seus irmãos deveria fazê-lo? Paulo diz: “vós, que sois espirituais, restaurai o tal”. Uma pessoa espiritual não é necessariamente aquela que conhece muito da verdade, ou aquele que é dotado em pregar e em ensinar, mas aquele que anda no Espírito. A maneira pela qual aquele que é espiritual deve restaurar uma irmã ou irmão caído é “num espírito de mansidão”. Mansidão envolve não ofender. Precisamos ser especialmente cuidadosos para não ofendermos o caído em nossa tentativa de alcançá-lo. Isso requer sabedoria, a qual flui somente da comunhão com o Senhor. Não iremos alcançar a pessoa apontando o dedo para ela. Censurar ou intimidar o caído não irá restaurá-lo, mas somente o leva para mais longe. F. C. Blount disse: “Você não pode lavar o pé de seu irmão com um porrete. Você o fará ficar todo roxo, porém isso não irá limpá-lo”. Paulo acrescenta: “considerando a ti mesmo, para que não sejas também tentado”. Isso nos fala de juízo próprio. Devemos ir ao caído no espírito de havermos julgado nós mesmos, estando ciente de que poderíamos ter feito exatamente a mesma coisa. O efeito da restauração numa pessoa será impedido se formos a ela com um espírito de justiça própria.
Paulo especificou três coisas quanto a este trabalho de recuperação do caído:
  • Quem deve fazê-lo – aqueles que são “espirituais”.
  • O que deve ser feito – “restaurai o tal”.
  • Como deve ser feito – “num espírito de mansidão, considerando a ti mesmo”. 
Observe que ele não diz: “vós que sois legalistas, restaurai o tal”, porque um Cristão cuja vida é ordenada em linhas legalistas provavelmente usará princípios legalistas na tentativa de restaurar a pessoa caída, e isso não irá produzir restauração. A lei cobra obediência e condenará a mínima falha em cumprir suas demandas, todavia ela é incapaz de restaurar o crente – apenas a graça pode fazê-lo. Também não é dito aos que são “espirituais” para que corrijam a carne na pessoa que caiu, porque a carne não pode ser corrigida – nem por lei, nem por graça; a carne é incorrigível. O crente tomado em alguma falta apenas será colocado no caminho correto pela percepção de sua posição de liberdade diante de Deus em graça e pelo andar no Espírito – a essência das duas grandes exortações no capítulo 5.