Outras tendências naqueles que vivem linhas de pensamentos legalistas
são o orgulho e o ciúme. A próxima exortação de Paulo trata disso. Ele diz: “Porque se alguém cuida ser alguma coisa,
não sendo nada, engana-se a si mesmo. Mas prove cada um a sua própria obra, e
terá glória só em si mesmo, e não noutro”. Quando estabelecemos regras para
nós mesmos, e as seguimos de alguma forma bem-sucedida, podemos nos tornar
orgulhosos disso. Podemos acreditar que estamos fazendo essas coisas para o
Senhor, porém se elas emanam da carne religiosa, há uma grande probabilidade de
que produzirão um espírito de ciúme e competitividade para com os outros.
O remédio de Paulo para isso é que “cada
um” deveria estar diante do Senhor quanto àquilo que Ele quer que seja
feito. Ele deveria “provar a sua própria
obra” fazendo-a no temor de Deus, sem olhar ao redor para aquilo que outros
estão fazendo. É algo formoso servir ao Senhor com humilde contentamento e
possuir um senso secreto de Sua aprovação no trabalho que é feito. A pessoa que
faz isso terá “glória só em si mesmo e
não noutro”. Isso é algo que uma pessoa legalista não tem, e uma das razões
é porque ela tenta regular a vida de outros de acordo com seus princípios. Ela imagina
que paz e aprovação vêm de outros seguirem suas ideias e isso a leva a
interferir na vida e serviço dos outros para o Senhor.
Paulo acrescenta: “Porque cada
qual levará a sua própria carga”. A palavra “carga” neste versículo no grego é diferente daquela usada no
versículo 2, embora ambas sejam traduzidas “carga”
na versão Almeida Revista e Corrigida. No versículo 2, a palavra refere-se a
fardos que podemos carregar pelos outros; aqui no versículo 6, refere-se ao
fardo que carregamos no cumprimento de nosso serviço para o Senhor. Existem
dificuldades e provações que são peculiares ao particular serviço que nos foi
dado a fazer que outros não podem carregar por nós. Se eles o fizessem,
estariam fazendo o nosso trabalho. Portanto, cada um de nós tem que carregar “sua própria carga”.
Em Números 4:19 há uma figura desses dois tipos distintos de fardos. “Aarão e seus filhos virão e a cada um
porão no seu ministério [serviço] e no seu cargo [fardo]”. Literalmente,
o “serviço” dos levitas se refere ao
seu trabalho quando o tabernáculo era erigido e o povo se chegava a Jeová com
seus sacrifícios; o “fardo” de cada
levita refere-se ao seu trabalho de transportar o tabernáculo em suas jornadas
para um novo lugar. Aarão é um tipo de Cristo aqui, que está presentemente
dispensando a cada crente um “serviço”
para ser feito para Ele e um “fardo”
para carregar para Ele. Ambos, o “serviço”
que temos para executar, assim como o “fardo”
conectado com a realização daquele serviço, são as coisas que nós mesmos temos
que carregar, e ninguém pode carregar esse fardo por nós – o Senhor nos dará
graça para isso (Tg 4:6). No entanto, é interessante notar que em relação ao
primeiro tipo de fardo, no versículo 2, os filhos de Israel deram aos levitas “carros” e assim os ajudaram a carregar
seus “fardos” (Nm 7:3-8), mas eles
não puderam ajudar os levitas em seu “serviço”
no tabernáculo, porque somente a eles era permitido manipular os vasos santos.