A Imutabilidade da Promessa de Graça Feita a Abraão - Cap. 3:15-25

Até então, Paulo demonstrou que a bênção de Deus é por fé e não por obras da lei a partir da experiência dos gálatas (vs. 1-5), a partir do exemplo de Abraão (vs. 6-9), e a partir do testemunho das Escrituras (vs. 10-14). Agora ele se volta para uma ilustração da vida cotidiana. Num parêntese ele diz: “como homem falo”. Ele compara a imutabilidade de um “testamento” feito em assuntos humanos com a imutabilidade do concerto que Deus fez com Abraão.
Este ponto no argumento era necessário em vista do fato de que alguns estavam prontos para admitir que Abraão foi considerado como justo por fé, mas argumentavam que Deus apenas operou naquele princípio até o momento em que a lei foi dada. Portanto, nesta série de versículos a seguir, Paulo mostra que a promessa em graça feita a Abraão e à sua Semente não era uma coisa temporária. A entrega da lei não alterou ou adicionou condições a essa grande promessa de Deus. Ela era permanente e imutável, e não poderia ser afetada pela subsequente entrega da lei.
V. 15 – Paulo prossegue em mostrar que esse princípio no qual Abraão foi abençoado era de fato permanente e imutável. Seu ponto é simples: em assuntos humanos, um “testamento” é assinado e selado e ninguém pode o “colocar de lado ou acrescer a ele outras disposições” (v. 15 – JND). Uma pessoa não pode vir mais tarde e alterar o documento adicionando ou removendo algo dele. E se testamentos humanos não podem ser violados, muito menos o de Deus! Mesmo assim, em essência, isso é o que aqueles que adicionam a lei à graça estão tentando fazer.
Vs. 16-18 – Além disso, o apóstolo cuidadosamente salienta que quando foi feita a promessa, ela foi feita “à Semente” (singular) de Abraão, e não “às sementes” (plural) (v. 16 - JND). A ausência da letra “s” muda completamente o significado da passagem. Gênesis 13:15 e 22:18 não se referem à família imediata de Abraão, mas ao Senhor Jesus Cristo que viria a partir da posteridade de Abraão. Ele é o Descendente direto de Abraão (Mt 1:1; Lc 3:34). Novamente, não saberíamos disso lendo o relato em Gênesis, mas o Espírito de Deus assim nos diz aqui. O ponto que aprendemos disso é que Deus prometeu abençoar “todas as nações” – judeu e gentio de igual modo – por meio de Cristo. E que a promessa era incondicional. “Deus a deu em graça a Abraão” (v. 18 – JND). A promessa não requereu obras de obediência legal. A vinda da lei 430 anos mais tarde não alterou a promessa.
Se as promessas feitas a Abraão estão agora condicionadas à chegada da lei mosaica, então elas deixam de ser um gracioso favor de Deus e tornam-se algo que alguém merece. Paulo diz: “Porque se a herança é no princípio de lei, já não é no princípio de promessa”. Porém ele segue a dizer: “Mas Deus a deu em graça a Abraão” (v. 18 – JND).
As promessas originais em graça foram dadas à parte da lei e serão cumpridas à parte da lei. A promessa de bênção dada a Abraão passou por baixo das tratativas dispensacionais de Deus com Israel e voltou à superfície quando a redenção foi realizada. A lei não traz as bênçãos da promessa; elas foram asseguradas pela morte e ressurreição do Senhor Jesus.