c) Adotar a Lei Priva a Pessoa do Benefício Assegurado Pela Graça

Vs. 4-6 – Outra razão para “permanecer firme” no que a graça realizou e não se embaraçar com o sistema legal é que ao adotar tal terreno o crente é separado de Cristo e das muitas bênçãos que possui n’Ele. Paulo diz: “Privados estais de todo benefício de Cristo como separados d’Ele, tantos quantos são justificados por lei” (v. 4 – JND). (Ele não estava querendo dizer que alguém pudesse realmente ser justificado pela lei, mas se referia àquilo que eles achavam que poderiam ser ao tentar guardar a lei). Cristo morreu para toda aquela ordem legal de coisas, e ao ressuscitar dos mortos, Ele está numa nova posição onde a lei não tem conexão alguma com Ele. O Cristão está associado com Cristo naquela nova posição, do outro lado da morte, e portanto, a lei não tem nenhum direito sobre ele também (Rm 7:1-6). Ao adotarem o terreno legal, os gálatas estavam (se isso fosse possível) se removendo do terreno Cristão, onde estão todas as suas bênçãos Cristãs. Eles tinham, com efeito, se “separado de Cristo” e de todas as coisas que Ele assegurou para eles na redenção!
Ao adotar tal posição eles tinham “caído da graça”. Observe que Paulo não diz: “da salvação tendes caído”; A Escritura é clara quanto à impossibilidade de um crente em Cristo perder sua salvação. No entanto, é muito possível para um crente “cair da graça” – isso é, naquilo que diz respeito a seu entendimento e prática. Portanto os gálatas tinham “caído” (em experiência) do lugar no qual a graça os havia colocado.
V. 5 – Paulo então dá um exemplo daquilo que eles tinham perdido ao caírem da graça. Ele diz: “Porque nós, por meio do Espírito, no princípio de fé, aguardamos a esperança da justiça” (v. 5 – JND). Ele fala disso como algo que é normal para alguém permanecendo em graça. Ele diz: “nós”; ele não podia dizer “vós” (como ele fez no versículo 4) porque havia uma dúvida quanto ao fato deles estarem ou não verdadeiramente em terreno Cristão, e quanto ao fato deles verdadeiramente possuírem esta esperança. Observe também que ele não diz que o Cristão aguarda por justiça – que era a posição do legalista – porque a justiça foi assegurada em Cristo (2 Co 5:21). O Cristão está esperando agora pela “esperança da justiça”, isso é, o estado glorificado, o qual será nosso no Arrebatamento. (Isto é o mais perto que chegamos da vinda do Senhor na epístola). Esperança na Escritura não é usada como se usa hoje – possuindo juntamente uma medida de incerteza – antes, trata-se de uma certeza adiada.
É “o Espírito” Quem infunde em nós esta esperança e nos dá sentimentos e desejos em acordo com ela. A posição Cristã normal é de expectação. No entanto, se uma pessoa adota o sistema legal como meio de obtenção de justiça e como sua regra de vida, o Espírito de Deus é impedido de gerar estes pensamentos e sentimentos Cristãos normais em sua alma. Quando uma pessoa toma para si a lei, ela normalmente abandona a vinda do Senhor como uma esperança. Isso mostra que existem algumas ramificações graves ao se adotar a guarda da lei.
Nos versículos 5-6 temos “esperança”“fé” e “amor [caridade]. Estes três elementos são necessários para viver a vida Cristã apropriadamente. Se um destes estiver faltando em nossa vida nosso andar prático será afetado. “Esperança” nos concede olhar adiante com confiança; “fé” e “amor” nos dão a energia para andar neste mundo que é oposto a Deus. Paulo diz que a fé é incitada pelo amor; e amor Cristão não pode ser produzido pelos rituais legais do judaísmo.

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Nos versículos 1-6 Paulo mostrou que ter a lei como a base para a justificação do crente coloca em dúvida sua posição perante Deus; agora nos versículos 7-15 ele mostra que este mal também afeta o estado do crente na Terra. Ele tocou neste assunto no capítulo 4, mas agora retorna a ele para enfatizar a necessidade de permanecer firme na verdade da liberdade Cristã.