6) Comunicar com Aqueles que Ministram a Palavra - Cap. 6:6-9

Até então neste capítulo tivemos a graça para com o caído (v. 1), graça para com um irmão sob fardos (v. 2), graça em relação ao nosso trabalho para o Senhor (vs. 3-5), e agora vemos graça Cristã para com um irmão que está engajado em ensinar a Palavra de Deus aos santos (vs. 6-9).
Paulo diz: “E o que é instruído [ensinado – TB] na palavra reparta [comunique – JND] de todos os seus bens com aquele que o instrui [ensina – TB]. O ponto aqui é que aqueles que recebem o benefício do ministério da Palavra por meio de um dos dons no corpo de Cristo (a saber, um mestre) possuem a responsabilidade pessoal de “repartir [comunicar] com ele as coisas materiais. Essa é a maneira pela qual Deus suporta o ministério de Sua Palavra entre Seu povo. Paulo não faz menção alguma de estabelecimento de um sistema no qual o pregador possui uma folha de pagamento fixa – tal como é praticado na maioria das denominações hoje. Comunicar na forma de que Paulo fala aqui é puramente num nível pessoal, porém tal comunicação também deveria ser feita num nível coletivo de igual forma. Filipenses 4:14-16 indica que assembleias deveriam estar exercitadas quanto a ministrar financeiramente àqueles que ensinam e pregam a Palavra.
Nos versículos 7-8, Paulo introduz o princípio do governo de Deus para encorajar os gálatas a comunicarem aos servos do Senhor. Ele mostra que nas tratativas governamentais de Deus existe algo como semear e ceifar. Ele não tem apenas juízos disciplinares para corrigir o Seu povo, mas tem também favores governamentais (num sentido prático), se eles fazem o bem. Portanto, semear e ceifar possuem resultados tanto positivos como negativos. Esses versículos são normalmente tomados em um sentido negativo e usados como um aviso, mas o contexto é de um sentido positivo do governo de Deus. Paulo está nos encorajando a semear no Espírito, porque certamente iremos ceifar de uma forma positiva. É verdade que se semearmos na carne iremos “ceifar a corrupção”, mas também é verdade que se semearmos no Espírito iremos “ceifar a vida eterna”. Desde que isso é assim, a conclusão de Paulo é: “não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos”. Isso era uma exortação necessária aos gálatas porque a mente legalista, por não entender a verdadeira liberdade Cristã, normalmente é mesquinha com posses materiais.
Paulo tinha outra razão para trazer o assunto do governo de Deus. Os oponentes da graça argumentavam que se a lei não tivesse parte na vida do crente, não haveria restrições quanto a uma conduta pecaminosa. Uma pessoa poderia crer no Senhor Jesus para salvação e então entregar-se à uma vida pecaminosa e ainda assim ela seria aceita por Deus. Paulo mostra aqui que embora o crente seja sempre aceito (Ef 1:6), ele não ganha nada em viver pecando. Se um filho de Deus escolhe viver após a carne, existe algo como o governo do Pai na vida de Seus filhos disciplinando aqueles que voluntariamente pecam no caminho. Um crente não consegue seguir pecando em sua vida sem pagar um preço de sofrimento sob as mãos do Pai. O medo de ficar sujeito a Seu juízo governamental em nossa vida deveria ser uma forte motivação para julgarmos a carne e andarmos no Espírito (1 Pe 1:16-17). Nosso problema é que semeamos na carne e então oramos por uma má colheita! Todavia, nada passa despercebido aos olhos de Deus; Ele toma a conta de tudo e trata conosco segundo Seu grande amor e perfeita sabedoria. Um de nossos hinos corretamente diz: “Todos os Seus atos para conosco são puro amor”.
 Se temos semeado na carne não devemos desistir em desespero e pensar que não há esperança em seguir adiante. É importante perceber que embora haja o juízo governamental em relação com os nossos feitos errados, há também o perdão governamental para com aqueles que se arrependem e julgam a si mesmos (1 Jo 1:9; Tg 5:15).
Se Deus vê um espírito humilhado e contrito em nós, Ele pode tirar de sobre nós (perdoar) o juízo disciplinar que havia colocado sobre nós. Todos experimentamos Sua misericórdia de uma ou outra forma. O Sr. Grant disse: “Não procede a ideia de que Deus não pode intervir e nos livrar daquilo que necessariamente seria o fruto de tal semeadura, se tão somente houver verdadeiro julgamento próprio quanto a tal mau proceder na alma; porque para um Cristão a sega de tal semeadura tem por objetivo produzir julgamento próprio, e se a julgamos antes, pode ser que não haja necessidade alguma de colhê-la”. Portanto, se falharmos, julguemo-nos a nós mesmos de maneira que possamos ser restaurados e experimentarmos Seu perdão governamental; pode ser que não nos seja necessário ceifar aquilo que semeamos. Há misericórdia com o Senhor.